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COVID-19 e Animais de Companhia - Informação aos Tutores

2020-04-14


COVID-19 E ANIMAIS DE COMPANHIA

 

Não existe evidência científica de que os animais de companhia transmitam o coronavírus SARS-Cov-2, mas há cuidados que os tutores devem ter. Saiba quais:

  1. Os animais de companhia, nomeadamente cães e gatos, podem infetar-se e transmitir o coronavírus SARS-Cov-2?

Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (O.I.E.) e a Associação Mundial de Médicos Veterinários de Animais de Companhia (WSAVA), existem evidências limitadas de que animais de companhia (cães e gatos) possam ser infetados pelo SARS-Cov-2, e não existem evidências de que os cães e os gatos possam ser uma fonte de transmissão para outros animais ou humanos. Esta é uma situação em rápida evolução e as informações serão atualizadas à medida que estiverem disponíveis.

  1. Já há casos de animas de companhia infetados por COVID-19?

Foram divulgados relatos esporádicos de um cão em Hong-Kong, de gatos na China e na Bélgica, e de um tigre num zoo nos E.U.A., mas importa referir que estes animais nunca exibiram sinais clínicos. Foi apenas possível demonstrar ou que estavam infetados com o SARS-CoV-2, com resultados de testes laboratoriais fracamente positivos, incapazes de distinguir se se tratava do vírus inteiro ou de fragmentos não infeciosos, ou que tinham anticorpos específicos contra o SARS-CoV-2, o que revela que foram expostos ao vírus e que o debelaram, mesmo em cenários epidemiológicos de grande número de casos da COVID-19 como na cidade de Wuhan na China.

  1. Posso continuar a passear o meu cão?

Ter um animal de companhia não é um fator de risco da COVID-19. Pode continuar a levar os animais à rua, em passeio, desde que, nesse percurso, cumpra os cuidados gerais de prevenção amplamente divulgados: manter distância de 2 metros das outras pessoas; tossir ou espirrar para um lenço descartável ou para o cotovelo, não tocar na cara, boca ou olhos.

Os animais gostam de rotinas, porque lhes transmitem segurança. Por isso crie e mantenha uma rotina de passeios curtos e de brincadeiras em casa, e cumpra esses horários.
 

  1. Os tutores dos animais devem ter algum cuidado especial?

Sim, nomeadamente:

  • Não toque em animais na rua, porque caso os seus tutores estejam infetados, o pelo desses animais pode estar conspurcado com o vírus;
  • Lave muito bem as mãos depois de interagir com os seus animais;
  • Não deixe os seus animais lamberem-lhe o rosto, nem dormir nas camas das pessoas;
  • Passeie o seu animal duas vezes por dia ou mantenha o ritmo a que ele está habituado;
  • Evite contactos com outras pessoas e animais durante os passeios;
  • Após cada ida à rua, limpe as patas do animal, assim que chegar a casa. Para isso, use um pano ou toalhitas humedecidas com gel desinfetante ou lave-lhe as patas com sabão azul e branco. Não use álcool ou lixívia. No final, lave e desinfete sempre as suas mãos;
  • Como os passeios têm que ser curtos, faça jogos em casa para exercitar os seus animais como esconder grãos de ração ou brinquedos para irem procurar, atirar bolas, etc. 
  • Ajuste a quantidade de alimento para que os animais não desenvolvam excesso de peso ou obesidade devido a menos atividade. Em caso de dúvida telefone ao seu médico-veterinário; 
  • Só em caso de urgência ou de atos médicos inadiáveis é que deve levar os seus animais ao veterinário. Telefone ou envie um email antes de ir e cumpra as regras de segurança do Centro de Atendimento Médico-Veterinário que visitar. EXEMPLOS:
    • Falta de apetite por mais 48 horas.
    • Perda de peso em poucos dias.
    • Alteração do estado de consciência.
    • Perda de sangue por qualquer cavidade natural ou presença de equimoses (“nódoas negras”) pequenas ou grandes na pele.
    • Dificuldade urinária ou urina com sangue.
    • Dificuldade respiratória ou tosse frequente.
    • Vómitos frequentes com mais 24 horas.
    • Tentativas de vómito repentinas sem sucesso e aumento rápido do volume abdominal.
    • Dificuldade respiratória ou tosse frequente.
    • Dilatação abdominal acentuada.
    • Dor intensa com dificuldade em movimentar o pescoço ou a coluna lombar.
    • Incapacidade repentina do animal se mover.
    • Intolerância ao movimento com fraqueza acentuada.
    • Episódios de convulsões em animais não medicados ou convulsão muito longa

  •  Tenha uma alternativa planeada caso se infete, para algum familiar ficar com o seu cão ou o seu gato, ou para o passear.

Além disso, recordamos que:

  • Não deve adiar as primovacinações dos cachorros e dos gatinhos, nem as revacinações dos cães adultos para a leptospirose, leishmaniose, tosse do canil e raiva, nem as revacinações dos gatos adultos de vida semilivre para a leucemia felina;
  • Não ofereça da sua comida e tenha cuidado com sobras dos pratos. A indiscrição alimentar constitui a principal causa de diarreia aguda nos cães;
  • Guarde bem os chocolates, pois poderão ser tóxicos para os seus animais;
  • Arrume a roupa, pois a ingestão de meias ou outras peças de vestuário, ou de pequenos brinquedos das crianças, é a principal causa de corpos estranhos;
  • Dê um banho com shampoo ao seu cão por semana, a não ser que ele tenha contraindicação médica.

 

  1. Como proceder com o animal de companhia se alguém em casa é suspeito ou um caso confirmado de infeção?

Reforçamos que estas medidas são por precaução, porque ainda não se desconhece muito sobre a COVID-19:

  • Não deixe que o animal fique junto da pessoa infetada;
  • Se tal não for possível, as pessoas que estiverem infetadas, com ou sem sinais clínicos, ou mesmo suspeitos, devem usar máscaras sempre que contactem com os animais;
  • O ideal é que seja alguém da casa não infetado a tratar dos animais;
  • Evite acariciar o seu animal de estimação, aconchegar-se nele, beijá-lo ou ser lambido, e compartilhar alimentos;
  • Tenha em casa alimento para os animais para um período de 15 dias;
  • Caso o seu animal seja um doente crónico, tenha em casa medicação para um período de 15 dias;
  • Se for imprescindível uma ida ao médico veterinário, este deve ser previamente avisado de que o tutor do cão ou familiares estão infetados.

Apelamos a que os tutores dos animais não entrem em pânico devido a notícias distorcidas e amplificadas pelas redes sociais. Muito menos devem abandonar os vossos animais ou entregá-los nos abrigos. Pelo contrário, é muito importante que continuem a cuidar bem deles e a desfrutar da sua companhia. Em tempos difíceis, como os que enfrentamos hoje de confinamento social e em “Estado de Emergência”, os animais de companhia desempenham um papel muito benéfico, proporcionando companhia e alegria.

 

Estas recomendações aos tutores de animais de companhia foram adaptadas das orientações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), da Associação Mundial de Médicos Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA) e da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV):

 


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